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Jogo e família: o que fazer com quem não quer se tratar

Antes mesmo da promulgação da Lei 14.790/2023 pelo presidente Lula, atualmente em regulamentação pela Secretaria de Apostas - MF, as apostas de cotas fixas, conhecidas como “Bets”, já eram foco de preocupação da sociedade, e particularmente dos profissionais que trabalham com a saúde mental e das famílias que possuíam pessoas acometidas pelo transtorno do jogo. 


Transtorno do Jogo

A partir da promulgação da Lei, a situação se agravou ainda mais, principalmente porque a partir dela as “Bets” vem ganhando ou comprando, cada vez mais espaço na mídia e no mercado, e o problema do jogo que já era considerado como um problema de saúde pública, vem aumentando em escala sem precedentes, causando grandes problemas nas famílias de jogadores compulsivos e nas pessoas do seu em torno.


As pesquisas sobre o assunto mostram que para cada jogador compulsivo existem pelo menos de 06 a 08 pessoas da família, ou do círculo de convivência mais próximo, afetadas diretamente pelo problema do jogo.


Uma questão que torna tudo ainda mais preocupante é que nem todos os portadores do transtorno do jogo se assumem como tais, e ainda que o façam, muitos não buscam e nem aceitam tratamento, com isso suas famílias ficam à mercê de toda sorte de consequências e o pior é que os familiares sabem perfeitamente que a sorte nesse caso é na verdade um grande jogo de azar!


O problema da dependência sempre traz sofrimento familiar; é muito comum que as famílias descubram dentre seus membros alguém portador de algum Transtorno do Impulso em momentos de crise e, à partir daí esse fenômeno passa a acompanhar suas vidas revirando-as ao avesso.

 

Isso porque normalmente o jogador compulsivo vivencia o seu transtorno em silêncio e mesmo aqueles que tem algum controle sobre o vício, e consegue, permanecer relativamente afastado do problema, é comum revisitá-lo em momentos de crise pessoal, financeira ou de saúde. Esses ‘gatilhos’ costumam aflorar o problema fazendo com que a família tome conhecimento e busque a ajuda de profissionais que possam lhes oferecer algum alívio, facilitando com isso o caminho do tratamento, inclusive do portador do transtorno.


Entretanto, nem sempre o portador do transtorno do jogo aceita o tratamento e, nesses casos, cabe à família tomar uma atitude proativa para se resguardar, pelo menos em parte das desastrosas consequências que esse vício traz para todos, mesmo porque, sabe-se perfeitamente que quando há algum membro da família sofrendo com o transtorno do jogo, a família toda adoce.


É importante que os familiares dos jogadores compulsivos procurarem ajuda para serem instruídos sobre como devem proceder para que esse mal atinja o mínimo possível a família.

Claro que não existe uma varinha de condão, ou uma receita mágica que possa minimizar o sofrimento de toda e qualquer família, mesmo por que cada quadro é único, com todas as suas peculiaridades de convivência e interações entre amigos e familiares, portanto, as famílias se tornam disfuncionais de maneiras diferentes, entretanto, existem algumas questões que comumente afetam praticamente todas as famílias.


Assim, sem a pretensão de considerar que algumas simples orientações, podem resolver o problema, vamos destacar aqui algumas habilidades que normalmente são desenvolvidas quando a família procura ajuda, e que podem ser úteis para uma proteção inicial da família contra problemas futuros.


Além disso, muitas dessas habilidades podem funcionar como um bom gatilho para o processo de recuperação do jogador, por exemplo, a família deve ter comportamentos assertivos, a comunicação com o jogador deve ser direta e objetiva, negando toda e qualquer facilitação, que mesmo inconscientemente ou por falta de informação, possam incentivar o vício.


Outra questão importante e que deve ser lembrada sempre, é que os problemas relacionados ao jogo fragilizam o vínculo familiar, os membros da família ficam fragilizados, é necessário que a família entenda as questões de saúde mental que envolvem o transtorno do jogo para tomarem consciência de como responder a esses problemas.


Algumas atitudes que podem ajudar as famílias nesse caminho são:

1.     Mantenham-se motivados para poder ajudar o jogador, participem de grupos de autoajuda, se fortaleçam, demonstrem que estão abertos ao diálogo e dispostos a ajudarem, a colaborarem para ele sair do problema.

2.     Aumentem a sua consciência e compreensão sobre o problema do jogo, ele é mais sério do que se podem imaginar.

3.     Ajudem a si mesmos; é necessário que o familiar esteja bem para poder ajudar o jogador, lembrem-se de focalizar no que você pode e tem controle, ou seja, no seu próprio comportamento.

4.     Procure melhorar e fortalecer a estabilidade financeira da família e não ajude financeiramente o jogador, ele precisa se deparar e entender as consequências de suas ações.

5.     Diminua conflitos maritais e familiares, um clima de tranquilidade ajuda no equilíbrio do jogador.

6.     Melhore as habilidades de comunicação da família, isso ajuda na assertividade que deve ser demostrada ao jogador, para que ele entenda que não terá ajuda para jogar, mas, terá toda a ajuda que necessitar para buscar a sua recuperação.

7.     Aumente as atividades de laser em família, laços familiares podem servir para o jogador se fortalecer.

  1. É importante lembrar que recaídas são comuns e não são sinais de fracasso, se detectar uma recaída tome todas as medidas necessárias para proteger-se financeiramente, use as técnicas de comunicação positiva e sugira o retorno ao tratamento.


Por fim, vale ressaltar que uma família com um parente acometido pelo Transtorno do Jogo acaba prejudicando fortemente todo o convívio familiar, mas, se esse for o seu caso, temos uma boa notícia: você não está sozinho, nós estamos aqui para auxiliá-los no que for possível!

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